segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Jorge Castañeda Concede Entrevista para Unisinos sobre Honduras

Caros pupilos, segue abaixo a antrevista do cientista político mexicano, professor da Universidade de Nova York: 
*27/9/2009* Gigante ou anão diplomático? Entrevista com Jorge Castañeda*
 
Um ex-chanceler e intelectual público disposto a especular - abertamente 
- sobre deslizes de funcionários estrangeiros e potenciais 
interlocutores? Para quem ainda pensa em concorrer à presidência do 
México, a franqueza de *Jorge Castañeda* demonstra pouca preocupação com 
calos alheios. Em duas conversas que formam esta entrevista, o autor de 
livros sobre a história política da América Latina, incluindo biografia 
de *Che Guevara*, repete pacientemente suas ideias sobre o cenário 
instalado a partir da chegada de um hóspede bem trapalhão à embaixada do 
Brasil na cidade de Tegucigalpa, dias atrás.
 
A reportagem e a entrevista é de *Lúcia Guimarães* e publicada pelo 
jornal *O Estado de S. Paulo*, 27-09-2009.
 
"Como é mesmo o nome do número 2 do Itamaraty?", pergunta. "O senhor 
está se referindo a *Samuel Pinheiro Guimarães*?", devolve a repórter. 
"Sim, ele é bem capaz de ter cumplicidade num episódio como esse, agindo 
na ausência do embaixador brasileiro... Isso é especulação." Procurado, 
*Pinheiro Guimarães *preferiu não polemizar com o mexicano. Mas 
*Castañeda* absolve o *presidente Lula* e o chanceler *Celso Amorim* de 
envolvimento no episódio que marca a volta a Honduras do presidente 
deposto, *Manuel Zelaya*: "Isso é coisa de república de banana."
 
Assim sintetiza a crise hondurenha o encarregado da política externa 
mexicana entre 2000 e 2003, ainda bastante surpreso com a movimentação 
de venezuelanos, cubanos, nicaraguenses e militantes salvadorenhos da 
*FMLN*, que identifica como "babás de Manuel Zelaya", possivelmente 
despachado por essa turma para a representação brasileira. E antes que 
alguém lance pedras em *Hugo Chávez*, *Castañeda* oferece uma palavra de 
cautela: afirma que o serviço de inteligência venezuelano nunca foi 
acusado, por exemplo, de ter a competência do *Mossad* israelense. 
Portanto, arrisca outro palpite, de novo sem meias palavras: diz que o 
imbróglio de Tegucigalpa tem a marca inconfundível de Cuba. E mais: acha 
que ditador deposto de país pequeno deveria procurar sua turma e deixar 
um gigante regional, como o Brasil, em paz. Ao falar em gigante 
geográfico, atalha com outra crítica. Diz que o Brasil se comporta como 
anão diplomático. Ou seja, terá que abrir mão do "chopinho" com 
*Chávez*, *Castro*, *Ortega* e da aversão a tomar posições firmes se 
quiser ser admitido no banquete dos poderes internacionais.
 
Na sexta-feira, enquanto policiais jogavam bombas de gás contra a 
embaixada brasileira e o Conselho de Segurança da ONU pedia o fim do 
cerco policial ao local, *Jorge Castañeda* desfazia malas em Manhattan 
para enfrentar o começo do semestre como professor de ciência política 
da Universidade de Nova York.
 
*Eis a entrevista.*
 
*Como o senhor avalia a situação em Tegucigalpa?*
 
Entendo que o Brasil não se envolveu na operação, que foi organizada por 
venezuelanos, cubanos, nicaraguenses e a *FMLN* de El Salvador. Um avião 
venezuelano pousou com *Zelaya* em Ilopango, El Salvador. Queriam 
levá-lo para a representação da ONU em Tegucigalpa. Mas como *Chávez* 
não consegue ficar calado, o público foi alertado, rodeou a missão e lá 
se foram com *Zelaya* para a embaixada brasileira. Sei que telefonaram 
para *Celso Amorim*, e o que ele podia fazer? Não teve escolha a não ser 
dizer sim. Mas é o tipo de coisa de que o Brasil não gosta - esse clima 
de faroeste em diplomacia. A operação, com os detalhes sabidos até 
agora, vai contra tudo que conhecemos sobre o comportamento do Itamaraty.
 
*No começo do incidente, o senhor especulou se o secretário-geral do 
Itamaraty, Samuel Pinheiro Guimarães, não teria conhecimento prévio do 
plano. Por quê?*
 
Sim, quando soube que o embaixador titular em Tegucigalpa não estava 
presente, apenas o encarregado de negócios. Porque é o tipo de coisa de 
que *Samuel* é capaz. Mas foi pura especulação. Não consigo acreditar 
que *Lula* ou *Celso Amorim*, sempre responsáveis e comedidos em sua 
conduta em política externa, tivessem participado da conspiração - 
porque ela coloca o Brasil numa situação delicada. Se *Micheletti* 
decidir, pode chegar e dizer: "Nós respeitamos a inviolabilidade da 
embaixada brasileira e assim damos salvo-conduto para *Zelaya* ir ao 
aeroporto e se asilar ". E, assim, o Brasil teria que ficar com *Zelaya*.
 
*Por que o senhor considera a posição do Brasil embaraçosa?*
 
Porque coloca sobre o Brasil a responsabilidade de corrigir um 
precedente perigoso. Não se pode fomentar uma insurreição política de 
dentro de uma embaixada. Estamos brincando com fogo aqui. Ao longo dos 
anos, milhares de latino-americanos salvaram suas vidas lançando mão do 
direito ao asilo político. Nós (mexicanos) abrigamos o presidente 
*Héctor Cámpora* na nossa embaixada em Buenos Aires e o drama se 
estendeu por mais de dois anos. Ele queria sair e o governo argentino 
não dava o salvo-conduto. No final, ele saiu por motivos humanitários, 
sofrendo com um tumor até morrer, no México, em 1980. A distinção entre 
o perseguido político e pessoas que estão fugindo da Justiça por motivos 
não políticos é fundamental. O princípio do asilo tem que ser preservado.
 
*O senhor escreveu, no começo da crise, que era importante levar em 
conta as condições do golpe.*
 
É, por definição, um golpe e deveria mesmo ter sido denunciado. Mas é um 
golpe em que os civis mantêm controle sobre as Forças Armadas e o 
calendário eleitoral intacto. O governo de facto é apoiado pelas 
principais instituições do país. Não houve prisões em massa ou tortura. 
Houve violações de direitos humanos nos protestos de rua, isso é 
deplorável e deve ser investigado. Mas é preciso deixar claro que não 
estamos falando do estádio de futebol de Santiago, nem de uma campanha 
sistemática de perseguição.
 
*Como o senhor observou essa ironia de um episódio que coloca os 
governos Obama e Chávez no mesmo campo, já que ambos condenaram a 
deposição de Zelaya?*
 
O governo dos EUA tem o coração no lugar certo e a mente em lugar 
nenhum. Mas não quer ser visto como cúmplice de um golpe. *Barack Obama* 
e *Hillary Clinton* estão cientes do envolvimento americano em episódios 
horríveis ao longo dos anos. Só acho que não elaboraram o quadro de 
maneira satisfatória, não só por causa das circunstâncias, mas por conta 
dos desdobramentos: as eleições já estavam marcadas. Todas as eleições 
que vêm de um governo autoritário são, por definição, ilegítimas? Se for 
assim, até *Tancredo Neves* poderia ser chamado de ilegítimo porque foi 
escolhido pelo *general Figueiredo*. Ou *Patricio Aylwin*, no Chile, 
*Vicente Fox*, no México, ou *Lech Walesa*, na Polônia. No entanto, 
ninguém se opôs a eles. São frutos de regimes ilegítimos que promoveram 
eleições. O argumento é estúpido. Como os americanos não pensaram bem, 
agora estão numa situação desconfortável.
 
*Qual sua impressão da secretária de Estado, Hillary Clinton, e de sua 
política para o continente?*
 
Não há muito a comentar. Ela não fez nada de muito bom ou ruim, mas 
confirmou o que pensávamos: que nunca teve interesse na região. Acho que 
o *Obama* ainda tem uma lua de mel pela frente nessa parte do mundo 
porque é inteligente, sofisticado. Ele tem uma grande reserva de boa 
vontade e esperança na America Latina.
 
*O senhor vê um momento em que a relação amistosa do governo brasileiro 
com governantes como Chávez, Ortega e Castro poderá trazer problemas 
para o Brasil?*
 
Depende do grau da esquizofrenia da política externa brasileira. Um país 
que quer ser um líder mundial com assento no Conselho de Segurança da 
ONU, que pretende ter mais peso no Banco Mundial, que desenha para si um 
papel decisivo na reunião de meio ambiente em *Copenhague*, pois bem, 
esse país vai ter que se conformar com certas responsabilidades. Não 
pode aparentar cumplicidade com radicais. Esse episódio da embaixada em 
Honduras é um desgaste. É coisa de república de banana. Ditador ou 
presidente deposto de Honduras deve se asilar num pequeno país 
centro-americano e não envolver um poder regional como o Brasil. Há um 
ano e meio fiz um discurso em Montevidéu que irritou muitos em Brasília. 
Disse que o Brasil é um pouco o oposto de Cuba e Israel. Eles são anões 
gigantes, porque têm um impacto internacional desproporcional a seu 
tamanho. E sugeri que o Brasil é um gigante que se comporta como um anão 
diplomático. O Brasil não gosta de tomar partido em disputas. Então, 
para quê lutar por um assento no Conselho de Segurança? Para ficar se 
abstendo, nas questões difíceis?
 
*Mas o Brasil é reconhecido também pela competência de seu corpo 
diplomático.*
 
Sim, concordo. Mas a maioria dos países importantes não escolhe 
diplomatas para ministro das Relações Exteriores. A França, a Alemanha 
ou os Estados Unidos escolhem os representantes entre pessoas que 
formulam a política externa. O serviço diplomático existe para 
executá-la. O que acontece quando o serviço diplomático articula a 
política externa é ele tentar ficar bem com todo mundo, evitar o confronto.
 
*O senhor escreveu um artigo sobre a necessidade de os latino-americanos 
confrontarem Hugo Chávez. A última edição online da revista "Newsweek" 
traz uma entrevista do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao 
correspondente Mac Margolis, que o questionou sobre as restrições 
democráticas do regime de Hugo Chávez. Lula respondeu que não conhece 
nenhuma característica antidemocrática do governo venezuelano e concluiu 
que cada país deve estabelecer a democracia que lhe convém.*
 
Ao fazer uma declaração como essa, *Lula* contradiz tudo pelo que lutou 
nos anos 70 e 80. Porque a ditadura brasileira era uma "democracia 
especial", nas palavras do general *Golbery do Couto e Silva*, lembra? 
Pergunte ao *Raúl Castro* e ele dirá também que Cuba é uma democracia. 
Os regimes europeus orientais comunistas também eram "repúblicas 
democráticas". A democracia não é subjetiva, especialmente se falamos de 
tratados, como o *Mercosul*. O Brasil é signatário de vários tratados 
internacionais, que incluem a democracia como cláusula incondicional. 
Quando o *Lula* diz algo assim, ele esquece, por exemplo, o *Tratado de 
Ouro Preto*, que define claramente democracia. Eu perguntaria ao 
*presidente Lula*: e se um líder latino decidir que democracia exclui 
sindicatos e o direito à greve? A democracia não é uma abstração.
 
*O senhor diria que há diferentes nacionalismos em ascensão na America 
Latina?*
 
Acho que o Brasil, o Mexico, talvez a Argentina, passam por períodos de 
fervor nacionalista. Geralmente acontecem quando as coisas estão indo 
muito bem ou muito mal. É um procedimento normal. Não aplaudo nem me 
assusta.
 
*Estamos testemunhando uma miniguerra fria na América Latina?*
 
Sim, e nesse cenário, Honduras é um país pouco decisivo. Mas é 
importante para *Chávez* e Cuba. E mais ainda para *Ortega*. O que 
parece incompreensível para mim é: por que Chile, Brasil e México, 
Canadá e os Estados Unidos não conseguem estabelecer uma política que 
condene o golpe, mas seja diferente da de *Castro* e *Chávez*? Vai ser 
difícil chegar a um acordo porque *Chávez*, Cuba e *Ortega* não querem 
acordo. Eles querem o *Zelaya* de volta. Querem manter Honduras na 
aliança bolivariana da *Alba*.
 
*A instalação de bases americanas na Colômbia provocou forte reação dos 
vizinhos - em especial da Venezuela, que, por sua vez, anda negociando 
com russos e iranianos. Entramos num novo período geopolítico no 
continente?*
 
Não sabemos ainda o que é real e o que é retórica. *Chávez* é o clássico 
demagogo latino-americano. Nunca se pode acreditar muito nele. 
Venezuelanos gostam de fazer declarações bombásticas. Estamos falando de 
povos, venezuelanos, iranianos, russos, que usam a retórica de uma forma 
política, uma forma que é hábil, mas não sincera. Eu não ficaria 
preocupado especulando se *Chávez* comprou US$ 3 bilhões disso ou 
daquilo, um submarino a mais. Comprou mesmo? Nem tudo o que ele diz é fato.
 
*O ex-presidente Jimmy Carter teria a contribuir para o desfecho dessa 
crise?*
 
*Carter* não é muito bem talhado para a tarefa. Como mediador e 
negociador, ele não é especialmente eficaz. Mas com o *Carter Election 
Center*, ele teve um grande papel no monitoramento de eleições em todo o 
mundo. A não ser com o acordo de Camp David, quando era presidente, não 
tem uma história de mediações bem-sucedidas.
 
*Hoje , sexta-feira, 25 de setembro, o senhor imagina que a crise possa 
acabar em violência?*
 
Não acredito que possa haver violência geral, talvez incidentes na rua. 
Vão dar um jeito de fazer *Zelaya* sair e talvez apontar um presidente 
interino até a eleição, mantendo o calendário político.
 
*O presidente Lula, em Nova York, declarou: "Defendo para o Irã os 
mesmos direitos de acesso à energia nuclear que defendo para o Brasil. 
Se alguém tem vergonha de ter relações com o Irã, não é meu caso". Ao 
ser consultado sobre a insistência do presidente iraniano, Mahmoud 
Ahmadinejad, em negar o Holocausto, Lula respondeu: "Ele pensa 
diferente, não é problema meu".*
 
Imagine se o Brasil estivesse no Conselho de Segurança da ONU: teria 
votado a favor ou contra as três rodadas de sanções já existentes? Não 
dá para ter o melhor dos dois mundos. É natural que um presidente tenha 
que atender às pressões domésticas e há um esquerdismo retórico que 
compensa o PT pela política econômica conservadora. Mas não dá para 
levar a extremos. *Lula*, até o momento, tem sido muito cuidadoso ao não 
se identificar com a esquerda radical. Só que a esquerda radical está 
ficando mais radical e mais internacional.
 
*Se um líder europeu tivesse se referido a Ahmadinejad com as mesmas 
palavras, seria crucificado na imprensa ocidental. A falta de reação é 
sinal do papel menor do Brasil?*
 
Não estão prestando muita atenção à visão do Brasil nessa semana. Não só 
porque há uma grande agenda a ser enfrentada, mas porque o Brasil não é 
um líder mundial. E se quiser se tornar um, não pode abrigar *Manuel 
Zelaya*, nem ajudá-lo à insurreição.
 
*O senhor escreveu sobre luta armada na América Latina, sobre as 
revoluções e Che Guevara. Qual o livro que pede para ser escrito neste 
momento?*
 
Um livro que revisite a esquerda, 17 anos depois da utopia armada. 
Alguém deveria escrever esse livro e revisitar as questões em que errei 
e acertei. Estava certo em muitos aspectos, por exemplo, a luta armada 
estava no fim. Uma esquerda social-democrata se tornaria maioria. Isso 
até aconteceu com países como Brasil, Chile, Uruguai, mas por que o 
resto do continente não se reconstruiu nessa direção? Por que ainda há 
figuras como *Hugo Chávez*, *Evo Morales* e *Daniel Ortega* no poder? 
Por que as *Farc*? Por que o kirchnerismo, cujas posições são tão 
condenadas pelo mundo, menos na América Latina? Hoje, vejo que os países 
mais importantes estavam prontos para uma mudança na perspectiva 
democrática. Mas os menores foram em oura direção.
 
*Seu novo livro, "El Narco: La Guerra Fallida", escrito com Rubén 
Aguilar, faz duras críticas à guerra aos traficantes. Por quê?*
 
Porque o assunto se tornou importante demais. O governo mexicano só fala 
nisso. O país está obcecado. E também porque acredito que seja uma 
guerra baseada em premissas falsas. Como a de que o consumo de drogas 
cresceu. De acordo com pesquisas patrocinadas pelo próprio governo do 
México, mas não publicadas, o aumento do consumo foi marginal e menor do 
que em outros países. Outra premissa falsa: o aumento da violência. 
Vejamos: entre 1992 e 2006, o número de homicídios no México caiu 
sistematicamente. Chegou a ser de 10 assassinatos por 100 mil 
habitantes, índice mais baixo do que o do Brasil ou da Venezuela.
 
*Mas por que se fala tanto na explosão da violência no México?*
 
A mídia vê as impressões, eu analiso números. Realmente, presta-se mais 
atenção em vítimas decapitadas, do que em corpos deslizando 
silenciosamente nos rios. Mas estamos falando de 2006. Hoje a violência 
aumentou muito, justamente por conta da guerra que o presidente *Felipe 
Calderón* começou. Ele sentia que havia dúvidas sobre sua legitimidade 
política e tomou uma decisão: fazer a guerra contra o tráfico. Montou 
uma armadilha para si mesmo.
 
*Qual o papel americano numa solução para o tráfico de drogas?*
 
Não acho que os EUA tenham um papel decisivo no momento. Você conhece, 
entre as pessoas que frequenta socialmente aqui em Nova York, alguém 
defendendo a ideia de que o governo deva gastar mais no combate às 
drogas, do que com tantos outros problemas, como pobreza, educação, ids? 
É uma ideia absurda essa de que, se os americanos consumissem menos, 
haveria menos suprimento de drogas. Há 30 anos a demanda por drogas 
entre os americanos não diminui e não há razão para acreditar que essa 
tendência vai mudar. Trata-se de uma sociedade estável e uma porcentagem 
dela consome drogas. O problema é que, com a guerra aos cartéis, 
chegamos a um impasse: foram 700 execuções , só no mês de julho.
 
*O que o senhor propõe no livro?*
 
Primeiro, que o governo tenha uma política de atacar o efeito colateral 
do narcotráfico. É preciso combater sequestros e outros tipos de crimes 
que são subproduto do tráfico. Não adianta lançar uma guerra contra este 
ou aquele cartel. O presidente colombiano, *Álvaro Uribe*, conseguiu 
fazer isso no seu país. Diminuiu o número de sequestros, desmantelou 
grupos guerrilheiros e o suporte que permite a atividade. A outra 
sugestão que fazemos é a da descriminalização das drogas no México. É 
preciso retirar todo incentivo para a atividade ilegal.
 
*O senhor ainda pretende concorrer à presidência do México?*
 
Sim, mas só me lançaria como candidato se um dos partidos me aceitasse, 
já que é tarde demais para formar um partido a tempo de concorrer em 2012.