segunda-feira, 21 de junho de 2010

Néstor Raúl García Canclini

O livro Culturas Híbridas, estratégias para entrar e sair da modernidade (2008), do antropólogo argentino Néstor Canclini, dedica-se a esclarecer o conceito de hibridização nas ciências sociais. Segundo o autor (p. XIX), hibridização trata de "processos socioculturais nos quais estruturas ou práticas discretas, que existiam de forma separada, se combinam para gerar novas estruturas, objetos e práticas". Essas estruturas discretas, por seu turno, também são resultado de processos híbridos, razão pela qual não podem ser consideradas fontes puras. O uso, mediante empréstimo da biologia, da palavra híbrido, apesar do risco em aplicar à sociedade e à cultura termo utilizado para tratar de outros fenômenos, foi proposital, pois, no século XIX, a hibridização era considerada com desconfiança e como ameaça ao desenvolvimento social (p. XXI). Por outro lado, Mendel, em 1870, mostrou que foi o cruzamento e diversificação genética que enriqueceram as espécies. Canclini parte, desse raciocínio botânico para interrogar as representações que tecemos a propósito da cultura.

Um comentário:

  1. O porvir do passado

    Neste capítulo Canclini aborda a relação entre patrimônio e o que é moderno,que todas as formas de relações são hibridizadas e parte dessa premissa para entender o patrimonio cultural que subsiste apesar da modernidade.
    Há uma reflexão sobre o que é popular, o mercado e a tradição e como esta última sobrevive e/ou permanece nas novas gerações.As sociedades modernas e democráticas de consumo convivem com as diferenças num plano da sociedade moderna,das quais os promotores sustentam uma certa empatia por referenciais do passado, como a arte e o popular.
    Das rupturas do atual e as tradições o autor faz uma "viagem" pelos museus para assegurar que a cultura não só está presente de geração para geração como está preservada de certa forma pelas tradições do passado e resgurdadas em formas recorrentes, não só em lembranças e na memória, mas das quais os museus representam uma forma de assegurar a memória cultural preservada e intocada.
    Apesar de," o tracionalismo aparece muitas vezes como recurso para suportar as contradições comtemporâneas.",isso faz assegurar uma bibliografia rica em histórias do passado que visa não só perpetuar a memória individual e coletiva, mas estabelece uma certa "ordem"nos comportamentos e enfrentamento da realidade.Corromper o passado seria mais dramático e a realidade continuaria sendo a mesma.
    Serve então para refletirmos sobre o que nos apresenta a modernidade e as tradições impostas pelo passado, articulas entre si e transformadas, ambas possam ser interrogadas como contribuições de uma híbrida relação em que a modernidade não deturpou e a tradição não permaneceu engessada.

    Comentário do capítulo "O porvir do passado" da p.159 à 204 - do livro Culturas Híbridas.

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