terça-feira, 10 de maio de 2011

As reformas: perguntas historiográficas

Se a causa da Reforma Protestante (1517), como apontou Engels, foi a necessidade de reforma social, penúria material e o desenvolvimento do capitalismo, por que o movimento não se consolidou na Itália, como chamou atenção o historiador Jean Delumeau em seu texto As Reformas? Ademais, esse historiador chama a atenção para alguns fatos: o Papa Leão X, que excomungou Lutero, era filho de banqueiros e as mais influentes famílias de banqueiros do século XVI eram católicas. Jean Delumeau pergunta em seu livro se uma leitura materialista não seria reducionista a ponto de classificar a consciência dos reformadores como uma falsa consciência em nome de esquemas epistemológicos generalistas.
Um dos ditos pregadores sociais, Thomas Münzer, apresentado como tal por Ernest Bloch, levou a cabo seu movimento por razões econômicas, num disfarçado ateísmo ou tinha a consciência de que era impossível uma reforma da religião sem a reforma econômica? Atribuir a uma personagem do século XVI, massacrada em 1525, um modelo conceitual sociológico contemporâneo, não seria anacronismo?
Por outro lado, como não cair nas análises clássicas: 1. Visão protestante (a reforma é o resultado da corrupção do clero); 2. Visão de historiadores católicos (o movimento luterano prosperou graças à tentativa de príncipes alemães de aumentar suas rendas). Jean Delumeau destaca que as duas leituras não tem base empírica sólida. Para começar a leitura mais serena sobre o tema sugere o agnóstico Lucien Febvre. Para esse historiador, o movimento resulta de uma crise geral de consciência no século XVI, clímax de uma rebelião contra a religiosidade católica, muito pouco difundida teologicamente, inclusive entre os clérigos. Boa leitura.

2 comentários:

  1. Como vimos na aula de ontem,a reforma não pode ser atribuida a uma causa só, como tese das diferentes escolas historiograficas, cabe aos historiadores pesquisar as varias teses, pois conhecendo todas terá uma visão ampliada do fato historico em si, não se atendo a uma visão no minimo positivista, de achar que a reforma protestante tem uma causa unica.

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  2. Concordo que não possa existir uma causa única, mas devemos levar em consideração os estopins, como por exemplo o desenvolvimento do comércio e da burguesia a Igreja condenava a acumulação de riquezas e a livre empresa. Os burgueses desejavam uma Igreja que aprovasse a obtenção de lucros, lógico não pode ter sozinho desencadeado a REFORMA mas quero chamar a atenção das questões que deram rumo ao descontentamento generalizado”Professor como uma CAUSA não poderia ser a que mencionei na aula” Conflito de interesses, Burguesia Campesinato, igreja, nobreza e o principado ????

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