terça-feira, 3 de maio de 2011

Filosofia Moderna e diferença cultural

Um dos primeiros filósofos modernos a tratar da diferença cultural e relativizar o etnocentrismo europeu foi Michel de Montaigne, cético e humanista. Em sua obra Ensaios (1580), ao falar dos Canibais, termo que utilizou para tratar dos índios, destacou que um sábio não deve valer-se unicamente do senso comum, assim como fez Sócrates na antiguidade. Afirmou que os europeus, autoconsiderados civilizados, matavam-se uns aos outros durante as guerras de religião, ao mesmo tempo em que acusavam os nativos de outra terras de selvagens. Esse filósofo relatou que o testemunho de um homem rude e simples, pode ser mais fidedigno que o de um ilustrado, além do fato que os mais cultos, segundo Montaigne, tendem a aumentar os conhecimentos que, de fato, possuem.

19 comentários:

  1. Michel de Montaigne por ser um filósofo moderno trata aquilo que a sociedade vivia em seu período. Portanto, quando se falava da figura do índio, entendia-se como "canibal"; era a mesma coisa que dizer que os índios não eram civilizados.
    A população europeia considerava barbaridade aquilo que não seguia suas convicções, mas Michel de Montaigne julgava como verdadeiro a opinião racional, não a voa geral, e para isso o sábio deve valer-se de sua racionalidade para julgar.

    ResponderExcluir
  2. O ensaio de Michel de Montaigne acerca dos índios americanos (e por que não dizer brasileiros, dadas as semelhanças?) é de grande conteúdo etnocêntrico e denota a divergência existente entre culturas, em que o branco, considerado a civilização moderna, muitas vezes, é posto como raça superior, relegando aos índios um papel de menos importância, reduzidos a bárbaros.

    Não se sabe se de fato o pensador esteve nestas terras ou se apenas teve contato com algum indígena. O importante no texto é verificar o modo como ele trata de coisas simples, como o modo de vida dos índios, a caça, o cotidiano, o fato de andarem nus, raspar-se, respeitar o chefe religioso, entre outros. Esses se deixam reger apenas pelas leis da natureza, ao contrário dos “civilizados”.

    Logo no início, ele fala a respeito da barbárie, reconhecendo que chamam de bárbaro tudo aquilo que não faz parte da cultura de um povo, o modo desconhecido de viver, de se relacionar. Por este prisma, consequentemente, os indígenas que habitavam as Américas poderiam, na ótica dos europeus, ser designados de tal modo, haja vista que em muito se diferenciavam: tom da pele, falta de roupas, rituais, modo de sobrevivência, alimentação, costumes, etc., fazendo com que, em suma, os brancos os tivessem como criaturas estranhas, indomadas, selvagens. A verdade é que, talvez, os verdadeiros bárbaros, pelo modo de viver, guerrear e conquistar, fossem os outros.

    Nesta realidade, mesmo a questão do canibalismo, de que trata o ensaio, precisa ser bem compreendida. Eles não atacavam ou devoravam qualquer um, mas o texto mostra que assim o faziam em certas ocasiões, como quando os profetas erravam nas suas previsões, o que poderia significar que os deuses haviam errado, algo que era inconcebível. Assim foi que Montaigne retratou no seu texto, apresentando, de certa forma, para o povo europeu uma outra nação, outro modo de vida, não preocupado em explorar terras, em conquistas, mas em viver com aquilo que tinha às mãos, naturalmente, demonstrando que talvez, de bárbaros, nada tivessem.

    ResponderExcluir
  3. UMA ANÁLISE DOS POVOS INDÍGENAS SEGUNDO MICHEL DE MONTAIGNE.

    A questão indígena, com seus costumes, é algo a ser analisado e melhor estudado para produzir conhecimentos aprofundados, que despertem realmente a atenção e curiosidade de uma sociedade que vive às margens de um regime centrado cada vez mais no consumo e desprezo pela condição humana.
    O texto escrito por Michel de Montaigne nos apresenta de forma contextualizada a presença de uma tribo indígena “Os Canibais”, cujo modo de vida contrapõe todo o modelo de vida de nossa sociedade. Não podemos de forma absurda comparar os tempos passados com os tempos de hoje. O que podemos é trazer algumas contribuições que de certa forma herdamos da cultura dos povos indígenas.
    Montaigne deixa claro em seu texto que “Os Canibais” viviam em uma terra em que não havia inveja, avareza, mas sim uma união; é importante salientar que também havia conflitos, mas um conflito saudável, que a vitória somente interessava pelo fato de lhes garantir prestígio e não como aquisição de novas terras, visto que o combatente, ao voltar para sua terra, já tinha o suficiente para viver, para se manter.
    Ressalta de forma expressiva a medicina indígena, uma terra em que ninguém ficava doente, não tinha desarmonia; isso se dava devido ao contato direto e respeitoso com a natureza, a qual acreditava que era suficiente para uma vida plena, pois lhes dava somente o essencial para viver e nada mais.
    Portanto em uma sociedade consumista que não olha sequer para a natureza, seja para contemplá-la, os indígenas se destacam pelo seu cuidado, pela sua preocupação, e pelo seu modo de vida, uma vida literalmente voltada para a natureza, de onde sai seu sustento e tudo o que é necessário para sua sobrevivência, sem excessos ou desperdícios como vemos e vivemos hoje.

    ResponderExcluir
  4. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  5. Comentários do capítulo XXXI do Livro dos Ensaios de Michel de Montaigne

    DOS CANIBAIS

    Michel de Montaigne torna conotativa a problemática quanto à diferença como inferior em seu texto “Dos Canibais”, notoriamente quando relata a concepção de barbárie: “classificamos de barbárie o que é alheio aos nossos costumes; dir-se-ia que não temos da verdade e da razão outro ponto de referência que o exemplo e a ideia das opiniões e usos do país a que pertencemos”. Em alusão à religião e ao governo, o autor suscita a ideia de barbárie provinda de uma visão etnocentrista e superior.
    A selvageria apontada nos povos, segundo Montaigne, brota voluntariamente da natureza abolindo qualquer sinônimo de inferioridade e dobramento, mostrando a relação da qualidade entre algo natural e algo artificial. O autor relata sobre as guerras e a busca contínua pela superficialidade ou superflualidade. Quanto às guerras, não podemos questionar ou negar as afirmações relatadas, pois discorre de um pacífico e duradouro estado emergencial.
    Uma visão uniforme da humanidade e o reconhecimento real do valor da diferença são necessários para que haja um movimento harmonioso em meio à sociedade.

    Vander Casemiro
    3º sem. - Filosofia

    ResponderExcluir
  6. Dado nesta obra ´´Dos canibais´´ de Michel de Montaigne, uma expressiva relação de conhecimento das culturas a serem colocadas como: do branco, que se dizem serem civilizados e dos índios caracterizados como bárbaros, palavra esta que tem um significado histórico muito usado para descrever pessoas sem cultura e sem identidade, desprezada pelas pessoas.
    Fica claro notar no texto, a importância da natureza para os povos indígenas e a valorização que eles têm em meio em que vivem despojados de qualquer malicia acerca do seu modo de vestir, vivendo da original inocência em seus corpos nus um significado mais próximo da natureza, tendo vínculos de respeito e culto com as coisas naturais.

    Diego Da Silva Moraes
    3°semestre de filosofia
    UCDB

    ResponderExcluir
  7. No seu Ensaio Montaigne, denota de forma patente o dilema mais pertinente e também cruel nas relações humanas: o processo de humilhação cultural, ou seja, a realidade de inferiorizarão e subjugação da cultura alheia. Nosso autor evoca que o termo barbárie é a realidade histórico-social que não é comum à estrutura social em que estou ambientado, e a partir deste raciocínio extremamente existencial, de cunho puramente lógico, entendemos à luz do contexto histórico-social o processo de interpretação cultural que os europeus fizeram sobre aqueles homens, aqueles povos, que estão além de seus domínios culturais.
    A subjugação cultural dos europeus para com os índios revela-nos dados peculiares do espírito das relações humanas, intrinsecamente esta é territorial, ambiental, apega-se ao que é rotineiramente comum, isto é, o processo de civilização que é próprio dos homens, se dá num território específico, num lugar geográfico demarcado, onde de forma complexa há as bases estruturais de uma cultura. O homem é culturalmente territorialista, e todas as realidades existenciais que estão além do ambiente geográfico do mesmo, são absolutamente inferiores, obsoletas e não civilizadas.
    A relação dos europeus para com os índios é culturalmente plausível e aceitável a partir de uma incompreensão social. Historicamente e essencialmente aos europeus a sua tradição cultural era a melhor forma de vida possível e desejável, já para os índios, a sua arte de viver envolto as tradições simbólicas e ritualísticas era a melhor. O contexto de civilização é aqui interpretado à luz de características distintas, de incompreensão e intolerância.
    Montaigne deseja assinalar que as diversidades das culturas é um ponto de equilíbrio é não de rivalidade. Barbárie é o ato de não desejar o respeito para aquilo que nos é diferente. É sábio civilizadamente aquele homem que absorvido na sua tradição cultural, consegue compreender a historicidade social dos demais homens. Nosso autor deflagra que a verdadeira barbaridade reside na intolerância em ver as diferenças, e que as mesmas garantem dignidade à humanidade. Enfim, para Montaigne, bárbaro é o homem que não sabe compreender o que é civilização.

    ResponderExcluir
  8. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  9. O ensino mais valioso no ensaio de Montaigne é o de encontrar um ponto de equilíbrio entre as diversidades culturais. Ao explicitar a forma de vida dos índios americanos, Montaigne explicita também o preconceito do homem branco que sempre diante de seu próprio ponto de vista tenta se mostrar superior por seus próprios motivos.
    Montaigne ao longo de seu ensaio aponta o preconceito e leva o leitor a concluir que Bárbaros são aqueles que não conseguem e não possuem a capacidade de ao menos tolerar as demais formas de viver, e que o homem devidamente civilizado é aquele que consegue tal comportamento.
    O homem europeu o tempo todo tenta diminuir o índio,e roubá-lo dele mesmo e de seu território,retirá-lo de seus costumes, tenta convertê-lo a outras religões com o pretexto de que ele vive de forma errada,porém essa forma de vida errada se dá diante do ponto de vista do próprio homem europeu que tenta "civilizá-lo".
    Montaigne faz de forma fantástica essa acusação, que ainda não saiu fora de moda, e que vivemos ainda na contemporaneidade. Hoje as formas de conversões culturais são tão intensas que diversas vezes nos deparamos duvidando de nossas raízes e nem sabemos exatamente quais são.Num mundo onde um tenta colonizar o outro de acordo com aquilo que acha ser a melhor forma de viver.

    ResponderExcluir
  10. Michel de Montaigne, ao analisar os índios em “Dos canibais”, desconstrói a visão eurocêntrica de que se não for homem branco, da cidade, deve ser considerado um bárbaro, um canibal. O homem civilizado, de cultura e tradição pode cegamente elaborar conceitos errôneos e justificáveis para se demolir com violência outros povos que não partilham da sua cosmologia.
    O ceticismo nascente do humanismo do fim da Idade média vai em Montaigne reafirmar a possibilidade sempre evidente de se questionar o sabido, principalmente aquele oriundo do senso comum. Algo parecido vai ocorrer no fim do século XIX, com os chamados filósofos da suspeita.

    ResponderExcluir
  11. Michael de Montaigne (1533-1592), pensador moderno, humanista. Em sua principal obra intitulada Ensaios, descreve no capítulo XXXI sobre os canibais.
    A problemática desenvolvida neste texo, gira em torno de como os indíos se relacionaram com sua condição de ser-no-mundo, por meio da vivência e contato com a natureza. A estes por meio da razão chamamos bárbaros, aos quais atribuímos um conceito “selvagem” num cenário pegorativo.
    Porém, considera-se, um erro linguístico, no uso semântico da palavra barbárie, de cujo rigor é ao meu ver pessoal e etnocêntrico. Quem são eles? índios, bárbaros?
    Atribuímos bárbarie um povo com cultura: religião, ética, familiariedade e virtudes. Aliás, condenamos seus modos de viver. Todavia, somos suspeitos pelos mesmos. Logo, não há barbárie entre os índios porque todos temos cultura.
    Concluo este raciocíno com as palavras de Montaigne: “ Isto prova que nos devemos guardar das opiniões vulgares e julgar pelo caminho da razão e não pela voz geral”.

    ResponderExcluir
  12. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  13. Assimilação das Idéias do texto Dos Canibais - Por Alex de Alencar Castro



    Michel de Montaigne, homem do século XVI, ligado a nobreza, jurista com tempo disponível para formular o seu ensaio “Dos Canibais”, era um homem renascentista que buscava na antiguidade clássica sua fonte de saber. Sendo diferente dos demais pensadores de sua época por ser critico em relação às idéias de Platão e Aristóteles, voltando-se mais para o ceticismo, caracterizando-se pela duvida de tudo até das próprias certezas.
    Em seu texto observam-se conceitos atuais, pois esboça uma crítica contra o Etnocentrismo e a mudança estrutural da natureza em virtude daqueles que julgavam ter uma cultura étnica superior as demais. Demonstrando assim, o respeito e admiração para com os diferentes da sua cultura, assinalando com isso que sua cultura que julgava ser superior na verdade era tão o mais canibal ou selvagem do que a dita inferior.
    Aos povos ditos inferiores as atitudes “barbarias” tinham toda uma estrutura social dependente deste sistema; ao contrário da cultura européia, que muitos homens e mulheres eram “comidos vivos” seja em fogueiras, enforcamentos ou guilhotinados; por não concordarem com o modo que seus governantes impunham à maneira como deveriam se comportar seja no âmbito religioso, social ou econômico.
    Dado a este povo “superior”, os europeus, expandirem seus territórios e cultura fora de seu continente, através de guerras sangrentas e desleais, obrigando aos povos vencidos a se adequarem a seu processo cultural, aqueles que se recusassem eram tratados como inimigos. Por desconhecer a sociedade Ameríndia da época e a sua natureza guerreira e considerada honrosa por grande parte dos mesmos de não se entregar e nem temer a morte,por não admitirem a covardia em decorrência de sua tradição, foram praticamente dizimados.

    ResponderExcluir
  14. O texto “DOS CANIBAS”, narra uma situação vivida pelos povos indígenas que se deparavam com a invasão de suas terras e tendo que sair da mesma sob pena para toda a tribo, de serem dizimados ou escravizados se lá retornassem, tendo como plano de fundo, a multiplicação daqueles que antes eram os detentores deste território. Pois bem, analisando dentro desta ótica, como podemos acusar os índios nesta concepção de Montaigne, que compara os selvagens com os europeus, haja vista que os cidadãos europeus denominavam-se pessoas "civilizadas" e que a partir do momento que elas são civilizadas e se deparam com outro modo de cultura, deveriam agir coerentemente com aquilo que lhes foi ensinado.
    Por tanto, os índios não podem ser agredidos culturalmente, fisicamente, religiosamente por que eles têm o direito de escolha como todos os seres humanos.
    Fabio Junior dos Santos

    ResponderExcluir
  15. No capítulo 31 de seu ensaio, Montaigne trata sobre os canibais. Escrito em pleno século XVI, o autor mostra a característica principal de seu tempo: o homem “moderno”, europeu, conhecedor de sua história humana, “liberto” do pensamento teocêntrico, acha que tudo sabe e que se basta a si mesmo. Quando por ironia do destino, ou não, conhece um lugar desconhecido (Brasil, por exemplo) e não desbravado o homem dito “moderno” confronta-se com a sua versão pré-histórica. Os índios mostram aos modernos seus costumes, valores, modo de viver, tradição, religiosidade, etc. Os homens modernos com toda uma bagagem cultural e com um conjunto de regras morais formados escandalizam-se ao notarem um sistema social independente, diferente e simples do que eles já viram e aprenderam. Então, passam a notar que o sistema dos europeus, à princípio mais desenvolvido, é mais superior que o deles. Assim, sentem na obrigação de impor seus costumes, religiosidade, etc. Diante do canibalismo, os europeus não vêem o contexto, costume e liberdade presente neste ato. E Montaigne denuncia tudo isso ao fazer uma análise deste contexto: sempre uma nação se acha superior à outra e considera o rival como “bárbaro”, ignorante, etc. O outro, o diferente, o estrangeiro, o dito “bárbaro” não tem capacidade de acrescentar nada à intelectualidade.

    Kalzely Barbosa dos Santos
    3º semestre de Filosofia

    ResponderExcluir
  16. O texto retrata sobre etnocentrismo,religião,costumes e dominação.Rediz muito como foco o índio sendo canibal segundo as descrições européias,toda a pessoa que se recusa ser "civilizada" pelos europeus é índio.
    Relata também muito do termo "bárbaro" que significa não sabe fala e não sabe pensar mas no decorrer do texto eles são surpreendidos pela organização dos chamados "bárbaros" que não sabe pensar.Mas no texto canibal retrata que bárbaro é aquele que come vivo e não aquele que come depois de morto,sendo assim
    quem é mais canibal o "civilizado" ou o índio?
    Diz também no texto que a cultura dos europeus é superior e as outras são inferiores, que na realidade isso não existe,o que existe é uma cultura diferente.O autor acaba escrevendo um livro que é bem avançado perante seu tempo faz críticas,denuncia a escravidão e a imposição cultural e religiosa.
    Contudo temos que refletir nos dias de hoje quem é canibal se é o "civilizado" ou é o indígena que foi obrigado a se aculturar nos nossos costumes e religiões para não ser extintos totalmente.

    3°semestre filosofia Christian

    ResponderExcluir
  17. O texto "DOS CANIBAIS", narra uma situação vivida pelos povos indígenas em que são conhecido como barbaros, pois a sua cultura é diferente,porque eles fazem coisas que a sociedade não aceita, mas eles tem uma tática de guerra e de sobrevivência muito interessante para sua época e por isso MICHEL DE MONTAIGNE retrata os índios.

    ResponderExcluir
  18. No capítulo XXXI do Livro 1 dos Ensaios, intitulado “Dos Canibais”, Michel de Montaigne (1533-1592) retrata a visão da Europeu diante da descoberta do novo mundo. Tendo como tema central o etnocentrismo do europeu que, ao se deparar com um novo povo, uma nova cultura, age como se toda riqueza cultural daquele povo fosse inferior à deles, ater mesmo uma cultura desprovida de razão.
    Michel mostra que o homem da época era quem não usava o caminho da razão, pois, apenas aceitava todas as informações dadas sobre aquele povo recém conhecido, e não buscavam levantar juízos por suas próprias experiências. Primeiro Michel quebra a noção de bárbaro dada àquele povo, dizendo várias qualidades de outros povos já taxados como bárbaros. Depois a partir de testemunhos verossímeis sobre o relacionamento que o europeu teve com aquele “novo povo” e, contando com seu próprio contato com aquele povo, ela vai apresentando sua cultura e seus costumes tal como são. Mostra que em todos seus atos e ritos usam a razão. E que não devem ser considerados selvagens só por serem diferentes, não são em nada inferiores aos europeus são apenas diferentes.
    “Aqueles povos são selvagens a medida em que chamamos selvagens aos frutos que a natureza germina e espontaneamente produz; na verdade, melhor deveríamos chamar selvagens aos que alternamos por nosso artifício e desviamos da ordem comum”. Com esta afirmação Michel reverte quem realmente deve se chamar selvagem. Ela ressalta ate mesmo uma pureza do povo desconhecido, uma pureza e virtudes que provem de sua intima ligação com a natureza, chega a dizer que este povo acabou de “sair das mãos de Deus”. Sejam quaisquer forem suas atitudes em nada devemos chamá-los bárbaros ou selvagens, diante de nossas barbáries e selvagerias no relacionamento com a natureza e com o outro.
    Parece-me que Michel no século XVI já notara e ainda mais, previra um grande mal de nosso século, a indiferença do homem em relação à outras culturas. A dificuldade que o ser humano tem em se relacionar com o diferente, sempre acreditando ser o melhor, o superior. Sua cultura, seus costumes são verdadeiros e devem ser universais. Esquece-se de que o outro mesmo diferente é semelhante, é ser humano.

    Victor Viana Lopes

    ResponderExcluir
  19. Por questões históricas e culturais, apostamos em estereótipos no outro como errado ou até ignorante para julgar outro grupo por simplesmente ser diferente do nosso. Esquece-se da preciosidade contida em cada manifestação, trazendo consigo um traço de generalização de todas as culturas a partir de uma que se considera dominante.
    Micheal de Montaigne em seu texto “Dos Canibais” aponta sobre o julgamento que um grupo social tido como centro do mundo para outras culturas como selvagem, como na época de colonização no período as descobertas de novas terras pelo mundo. Acontece que, não se pode julgar uma cultura como inferior por apenas não seguir a forma padronizada pela sociedade. Filosoficamente, não se afirma uma suposição dessas porque não há logica pra tal julgamento, tendo em vista que cada cultura reage de determinada forma seguindo o ideal para cada grupo, no qual se exige respeito a cada ideologia subjetiva das mais variadas formas de agir. O próprio autor diz que se devem guardar as opiniões alheias (generalização) e fazer um juízo de moro racional
    Autor faz referencia de Platão sobre as populações vividas nas terras que a natureza é quem dita as regras, que os costumes que ornam a vida dos seres humanos, interferindo em todos os aspectos sociais e culturais. Assim o natural é o belo, e insignificante aquilo vindo por feitos humanos. Mas o autor coloca a importância dos feitos humanos para a história da humanidade, e descreve o estilo cultural que conheceu para mostrar como a filosofia de vida de cada grupo social é diferente e relativa, expressando assim a defesa da diversidade cultural

    ResponderExcluir