sexta-feira, 27 de novembro de 2009

A Filosofia em Ibero-américa

Por João Francisco Neto
RESUMO DO TEXTO A FILOSOFIA EM IBERO-AMÉRICA Autor: Ricardo Vélez Rodriguez Serão analisadas três tendências sustentadas pelos pensadores latino-americanos: a que nega originalmente à filosofia feita nesta parte do mundo, a que afirma uma originalidade total e a que defende a idéia de uma originalidade relativa. A problemática da originalidade constitui a primeira indagação, quando se trata da filosofia na América Latina. Existe muita discordância de opinião entre muitos autores o brasileiro C. Bevilacqua, diz que "a especulação filosófica pressupõe uma larga e profunda base de meditação nos vários domínios do saber humano, aparecendo ela como uma flor misteriosa, dessa vegetação mental, assim como a poesia é à flor da emotividade", já para o peruano A. Salazar Bondy, embora as condições de sub-desenvolvimento tenham impedido até agora a formulação de uma filosofia latino-americana, será contudo possível chegar a ela, na medida em que forem superadas as causas do atraso. A afirmação do pensador colombiano López de Mesa, "o povo não é uma massa ignorante e suja dos baixos arraiais, nem a elegante sociedade dos clubes, mas o espírito que uma nação vai formando com o tempo e firmando com características peculiares suas, no leito portentoso da história universal. O povo é uma cultura ou, pelo menos, um ideal, e não simples porção da raça ou parte do território". Se o povo é uma realidade cultural, a educação é, para López de Mesa, a formadora da nacionalidade, cabendo aos dirigentes dos países ibero-americanos o dever de criar uma consciência histórica entre os habitantes do continente. A respeito, o pensador colombiano frisa que os dirigentes devem "ensinar ao povo que tem para cumprir uma missão histórica: harmonizar com os outros os atos da sua vida, em direção a algo superior. O cidadão pertence a um povo histórico e não a um rebanho. Cada povo, com real sentido da história, forma, dia a dia, a consciência universal". Por outro lado temos o argentino A. Korn, onde fala que é possível se falar em filosofia autóctone, toda vez que há uma coletividade humana unificada por sentimentos, interesses e ideais comuns, que desenvolve, à luz deles, a sua ação histórica. A explicitação racional desse conjunto original, com a ajuda da tradição filosófica ocidental, constitui o que se pode chamar de filosofia argentina. Outro que se destaca no texto do professor Ricardo Vélez é o pensador mexicano J. Vasconcelos considera que os latino-americanos não podem se furtar à elaboração de uma filosofia própria, que constitui "uma maneira renovada e sincera de contemplar o universo" e que é formulada a partir da assimilação crítica dos valores e dos conceitos herdados da cultura ocidental. Esse processo construtivo deve levar em consideração a apreensão emocional do mundo, que ocorre na vivência estética. Outro nome é Romero onde segundo ele "o que existe é muito mais modesto, mas também muito mais sólido e autoriza qualquer esperança, já que é o pressuposto indispensável para que surja e prospere a seu tempo uma filosofia original. A veia filosófica aflora por todas partes; seria estupidez ou malevolência exigir que as águas brotem, de início, abundantes e cristalinas, quando em países de muito amadurecida civilidade houve apenas fiozinhos precários.” Penso que é indispensável deixa de citar a fala do pensador venezuelano E. Mayz Vallenilla onde ele considera que é possível uma filosofia latino-americana, na medida em que, seguindo o método heideggeriano da hermenêutica existencial, os homens destacam parte do mundo descubram a sua origem, ou seja, a sua apreensão primordial do ser. A originalidade, em filosofia, pressupõe duas coisas basicamente: de um lado, conhecimento aprofundado do patrimônio filosófico da humanidade e, de outro, explicitação da forma peculiar em que, no decorrer da história, o homem latino-americano tem vivido sua experiência de ser a qual, por ser limitada, caracteriza-se por algumas notas particulares. Estas características exprimiriam a originalidade da filosofia latino-americana. Para o mexicano L. Zea é possível se falar numa "filosofia latino-americana como filosofia sem mais", ou autêntica filosofia. Inspirado em conceitos provenientes da dialética hegeliana, Zea destaca que, pelo fato de os latino-americanos serem homens, estão dotados da capacidade de pensarem filosoficamente. No Brasil tem muitos pensadores que são nomes necessários cita como também o próprio Ricardo Vélez destaca no seu texto, o grande Antônio Paim, nascido no Estado da Bahia na década de 50, onde o mesmo fala: que "a filosofia é certamente um saber especulativo, que se volta para uma problemática que, embora renovada através dos tempos, se tem revelado perene em contraposição à alternância dos sistemas. Esses problemas, contudo, têm sempre a ver com a circunstância cultural. De sorte que o caráter especulativo da filosofia não pode ser arrolado como simples diletantismo, como se a filosofia não tivesse nenhum compromisso com a temporalidade e as angústias de determinado momento da “cultura de um povo”. Outro brasileiro que se destaca no texto de Ricardo Veléz é o pensador M. Penna, por sua vez, a partir de uma sólida posição liberal de defesa incondicional da liberdade, critica o modelo de autoritarismo patrimonial que vingou no Brasil e na América Latina, como também os coletivismos do século XX, como retificações de um paradigma que trata de reduzir o indivíduo à massa. A problemática da totalidade é enfocada por ele criticamente, como processo de despersonalização do homem contemporâneo. A história do século XX é a luta do indivíduo que tenta preservar a sua liberdade contra o processo de massificação em andamento. "A história de nosso século é a história do homem singular frisa M. Penna. É a história do conflito do indivíduo livre, em sua resistência ao avassalamento crescente pela sociedade coletivista, a sociedade de massas que o socialismo e a estrutura do Estado nacional soberano impõem”. A problemática da totalidade no pensamento latino-americano tem sido abordada, também, do ângulo crítico. A principal análise nesse sentido é a empreendida pelo pensador brasileiro R. M. de Barros, para quem a existência humana oscila dramaticamente entre os extremos do fenômeno totalitário e do fenômeno da liberdade. Outra parte de grande relevância no texto de Ricardo Veléz é toda esta parte que sito agora onde ele fala que, “aos povos ibero-americanos, herdeiros do fenômeno estético e espiritual que consiste na "mestiçagem universal", iniciada por espanhóis e portugueses, está destinada a missão de tornar realidade a "raça definitiva, a raça síntese ou raça integral" que, tendo a Amazônia como centro, organizará a cidade do futuro, Universópolis, terceiro estado da Humanidade, o estético, tendo superado, definitivamente, os imperfeitos estados anteriores: o material e o intelectual. Para finalizar este resumo gostaria de falar novamente de Romero pois o mesmo chama a atenção para o fato de que a consciência filosófica tem amadurecido na América Latina, a partir, sobretudo, da Segunda Guerra Mundial. Já foi superada a etapa inicial do monopólio filosófico e os pensadores meditam conjuntamente acerca da problemática do homem latino-americano, intercambiando projetos e idéias. Essa nova etapa conduzirá, com certeza, a formular com maior precisão a particularidade do "fato" americano, superada a atomização que era efeito do mútuo desconhecimento. A verdadeira integração é, no sentir de Romero, aquela que se realiza à luz do pensamento filosófico.

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