domingo, 27 de janeiro de 2019

AIMORÉ


Os Aimoré eram vistos como o castigo de Deus que punia as atrocidades cometidas pelos portugueses contra os indígenas. Sua belicosidade atrasou um pouco as frentes mineradoras e agropastoris no sul da Bahia, vale do Rio Doce e norte do Espírito Santo. Após o acordo de paz de 1567, que submeteu os sobreviventes ao trabalho escravo nos engenhos, os portugueses prosperaram como nunca no Recôncavo Baiano e Ilhéus. Muitos viviam em Portugal e nunca pisaram na terra, mas a partir de 1568 a prosperidade do sul da Bahia voltou a ser ameaçada pelos Aimoré, um grupo que vivia mais para o interior. Era um grupo muito distinto dos Tupi. Eram coletores e vivam em abrigos precários, chamados de tapuí. Possivelmente deste vocábulo veio o termo Tapuia, morador de tapuí, rancho, nome pelo qual eram chamados os povos que não eram Tupi. Gabriel Soares de Sousa descreveu-os em 1587 como grandes corredores, péssimos nadadores, excelentes flecheiros que nunca erravam o tiro e sempre carregavam pesadas bordunas. O pavor que tomou conta dos engenhos era tamanho que bastava 6 ou 7 guerreiros aimorés para destruir um engenho com mais de cem pessoas. Os moradores de Ilhéus fugiam para a Bahia pelo litoral, mas em pouco tempo os Aimorés descobriram a rota de fuga dos portugueses e os atacavam. Somente os que entravam no mar e fugiam em barcos sobreviviam. Àquele tempo, as armas portuguesas não eram superiores às dos Botocudo, mas com o desenvolvimento da indústria bélica, o porte e a posse estimulada, aliada às epidemias, à cachaça distribuída pelo rei D. João VI, ao presídio, permitiram o esmagamento destes índios em nome da legitimidade da nação brasileira e de seus senhores.


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