Os Aimoré eram vistos como o
castigo de Deus que punia as atrocidades cometidas pelos portugueses contra os
indígenas. Sua belicosidade atrasou um pouco as frentes mineradoras e
agropastoris no sul da Bahia, vale do Rio Doce e norte do Espírito Santo. Após
o acordo de paz de 1567, que submeteu os sobreviventes ao trabalho escravo nos
engenhos, os portugueses prosperaram como nunca no Recôncavo Baiano e Ilhéus. Muitos
viviam em Portugal e nunca pisaram na terra, mas a partir de 1568 a
prosperidade do sul da Bahia voltou a ser ameaçada pelos Aimoré, um grupo que
vivia mais para o interior. Era um grupo muito distinto dos Tupi. Eram coletores
e vivam em abrigos precários, chamados de tapuí. Possivelmente deste vocábulo
veio o termo Tapuia, morador de tapuí, rancho, nome pelo qual eram chamados os
povos que não eram Tupi. Gabriel Soares de Sousa descreveu-os em 1587 como
grandes corredores, péssimos nadadores, excelentes flecheiros que nunca erravam
o tiro e sempre carregavam pesadas bordunas. O pavor que tomou conta dos
engenhos era tamanho que bastava 6 ou 7 guerreiros aimorés para destruir um engenho
com mais de cem pessoas. Os moradores de Ilhéus fugiam para a Bahia pelo
litoral, mas em pouco tempo os Aimorés descobriram a rota de fuga dos
portugueses e os atacavam. Somente os que entravam no mar e fugiam em barcos
sobreviviam. Àquele tempo, as armas portuguesas não eram superiores às dos
Botocudo, mas com o desenvolvimento da indústria bélica, o porte e a posse
estimulada, aliada às epidemias, à cachaça distribuída pelo rei D. João VI, ao
presídio, permitiram o esmagamento destes índios em nome da legitimidade da nação
brasileira e de seus senhores.
domingo, 27 de janeiro de 2019
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