Os heróis míticos da Epopeia dos Gêmeos, o Sol e a Lua,
descansaram seis dias na casa de sua mãe, Ha’i.
Depois disso, a mãe foi até onde morava o pai, Nhanderu, para avisá-lo que seus filhos chegaram e viriam visitá-lo.
Os gêmeos contaram que sua mãe foi até a casa do marido que
a abandonara, enquanto eles ficaram esperando. No dia seguinte, Ha’i já estava
de volta. Ela contou ao marido que seus filhos chegaram e que viriam visitá-lo.
Nhanderu lhe disse: - se forem meus filhos, irão me compreender. Ele não
acreditava que eram seus filhos de verdade.
Depois da volta da mãe, os gêmeos foram visitar o pai e o
encontraram deitado numa rede em sua casa. Chegaram à sua casa e falaram com
ele. O pai fez um sinal com a mão para indicar que fossem à roça chupar cana. Os
gêmeos beberam apenas o caldo sem derrubar nenhuma cana. Vendo isso, o pai
concluiu que eram seus filhos verdadeiramente e entendiam o seu pensamento.
Os irmãos ficaram um pouco na casa de Nhanderu e voltaram à
casa de sua mãe. Somente neste momento é que surgiu o sol como vemos hoje. O nosso
pai, nhanderu desejava um sol que fosse permanente e estava trabalhando nisso, experimentando
quem pudesse fazê-lo.
O desejo de Nhanderu era fazer uma luz que iluminasse toda a
terra e ficasse no alto, mas ninguém conseguia que a luz ficasse bastante tempo
no céu a ponto de iluminar toda a terra. Como não achava quem conseguisse o
feito, Nhanderu mandou chamar novamente seus filhos ao céu que haviam voltado
para a terra.
Todos os que estavam na casa de Nhanderu tentaram novamente
fazer um sol para iluminar a terra, mas ninguém conseguiu. Então Nhanderu disse
aos seus filhos: - agora é a vez de vocês. Quero saber o que vocês são.
Kuarahy carregava uma vasilha bem pequena onde tinha de
tudo. Tinha mimby, jeguaká e todo tipo de coisas. Tirou de dentro um pequeno
jeguaká e o acendeu em frente ao pai, que observava tudo. O brilho foi tão
intenso que quase queimou a barba de Nhanderu. Enviou o jeguaka luminoso para o
céu onde ficou iluminando o mundo todo e não caia mais. A luminosidade era tão
intensa que ninguém mais conseguia dormir e o dia não acabava. Vendo isso, disse
Nhanderu: - estes são meus filhos de fato. Jasy, agora é a sua vez. A lua pegou
seu cesto semelhante àquele do sol e enviou uma luz para o céu. Era a futura lua.
Nhanderu percebeu que Kuarahy e Jasy vieram para isso. Assim foram criados o
sol para iluminar o dia de todos os povos e a lua para iluminar os animais noturnos.
Segundo o sr. João Aquino, aqui termina esta história.
REFERÊNCIAS E FONTES:
AQUINO, João. Mito
dos Gêmeos. Tradução de João Aniceto. Compilado por Wilson
Galhego Garcia. Araçatuba: Faculdade de Odontologia, 1975.
GUASCH, Antonio.
Diccionario Basico Guarani - Castellano.
Asunción: CEPAG, 2002.
NOTAS:
1. Pesquisa e organização: Neimar Machado de Sousa, doutor
em história da educação pela UFSCar e pesquisador na FAIND/UFGD. Karai
Nhanderovaigua. E-mail: neimar.machado.sousa@gmail.com
2. O artigo tem finalidade educacional e formato adaptado às
mídias sociais.
3. A grafia adotada para as palavras tupi e guarani seguem a
forma das fontes consultadas.
4. Metadados: há’i,
nhanderu. Imagens: KAIOWÁ E
GUARANI, Professores. Paikuara ha Jasy
Oikohague. Amambai: Aldeia Amambai, 2012.
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